Segundo pesquisa da produção agrícola municipal do IBGE, em 2020, Rondônia apresentou mais de 9.2 mil hectares de área destinada à colheita de cacau em amêndoa.

Algumas cidades de Rondônia, como Cacoal e Cacaulândia, trazem a palavra cacau como parte do nome, isso reflete a importância da cultura para a economia estadual. Segundo pesquisa da produção agrícola municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, Rondônia apresentou mais de 9.2 mil hectares de área destinada à colheita de cacau em amêndoa. Parte dessa produção conta com a liderança e dedicação de mulheres fortes, que trabalham no desenvolvimento e crescimento da cacauicultura.

Desenvolvimento da cacauicultura em Rondônia é protagonizado por mulheres empreendedoras

Como é o caso de Sandra Rita Bartnik Quaresma, moradora de Cacoal. Ela é esposa, mãe, cacauicultora e viveirista. Formada em Engenharia Agronômica, trabalha com pesquisa contribuindo com o desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau. Além disso, há 1 ano e 7 meses Sandra comanda o ‘Viveiro de Mudas de Cacau Clonal Andurá’. Ela explica que o nome da empresa remete a uma lenda indígena sobre uma árvore que em algumas noites fica energizada e todos os seres que chegam perto dela são curados.

“Minha história com o cacau é um encontro comigo mesma. Sempre gostei do fruto e meu coração se alegrava quando pensava no processamento da amêndoa. Foi assim que defini o ramo a seguir. Mas para isso, precisava de matérias-primas, ingredientes, máquinas, equipamentos e conhecimento. Então decidi sair da zona de conforto e iniciei minha busca em conhecer mais sobre cacau”, conta Sandra.

Nessa trajetória, a nova empreendedora contou com o apoio de muitas pessoas e o sonho ganhou forma, mas ainda esbarrava no alto custo de produção e ela sabia que o negócio dependia de amêndoas de qualidade. “Foi assim que surgiu a lavoura, onde cultivamos 12 clones escolhidos pelo sabor, aroma de qualidade superior e produção, no entanto os viveiros locais não possuíam essas matrizes, então passei a fazer minhas próprias mudas. Logo os produtores começaram a procurar o produto para comprar e assim nasceu o nosso viveiro”, detalha a cacauicultora, que tem como objetivo fornecer mudas de cacau produzidas com clones de alta produtividade e qualidade, e no futuro ter a produção de chocolates tree-to-bar (da árvore a barra).

“Trabalhar com o cacau requer dedicação. Ele precisa de alguns cuidados, como sombreamento, irrigação no período de seca e poda na época correta. Para quem quer produzir é necessário o apoio de um técnico que faça esse acompanhamento”, aconselha Melissa.

Quando o assunto é cacau, Cristiane Tiengo também é um exemplo de perseverança e dedicação. Ela faz parte da produção familiar do ‘Chocolate Tiengo’, uma fábrica de chocolates artesanais, composta por ela, o pai Deoclides Pires da Silva, a mãe Marilda Tiengo Silva e o marido Marcelo Medeiros. Para a produção a família conta com uma lavoura de 4.2 mil pés de cacaus clonais, plantados em uma propriedade rural em Jaru.

“Na realidade eu ‘comprei’ o sonho do meu pai. Ele veio para Rondônia ainda criança e a família já plantava cacau. Depois de casado foi morar na cidade onde trabalhou com comércio. Mas em 2016 minha mãe recebeu um sítio como herança e meu pai teve a ideia de voltar a plantar cacau. Mas o sonho dele era fazer chocolate”, contou Cristiane.

A mãe iniciou a produção do doce, mas sem experiência acabou desistindo. Foi quando Cristiane assumiu a função e hoje a fabricação é de responsabilidade dela. Todo o manejo da lavoura de cacau é feito pelo pai de forma manual, exceto a irrigação. Segundo Cristiane, o cacau exige muito cuidado, como poda, colher os cacaus maduros, quebrar, fermentar, secar ao sol.

“Para produzir o chocolate o trabalho continua: tem que torrar, descascar, limpar para moer e fazer o chocolate. Não é fácil trabalhar com a amêndoa, mas quando fazemos o que gostamos o trabalho compensa”, afirma a cacauicultura.

A empresa iniciou as atividades apenas com a produção do chocolate, hoje já extrai o néctar do cacau e dele fazem o licor do mel, a geleia, nibs torrado e caramelizado com açúcar demerara, além do licor de chocolate.

A produção do cacau em Rondônia começou novamente a se destacar e receber um olhar diferenciado das administrações públicas. Exemplo disso, foi uma feira de cacau promovida pela Câmara de Vereadores de Cacoal, com o apoio de outros órgãos, denominada Cafecau. No evento, houve a participação de várias entidades e os produtores de cacau e chocolate tiveram a oportunidade de apresentarem os produtos para o público presente. A feira representou uma forma de incentivo para a cacauicultura estadual.

 

Fonte: Revista Agro Rondônia

Autora: Anni Karine Ribeiro

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