Porto Velho (da redação) – Imaginem viver em uma comunidade que, em pleno século 21, não existe água tratada, escola e posto de saúde, entre outros itens básicos tão necessários para uma vida digna. É o que acontece com a população tradicional que há décadas habita a Ilha Nova, região ribeirinha de Porto Velho (baixo Madeira), no distrito de Calama, próximo a divisa com o estado do Amazonas.
No passado, de acordo com a moradora Vanderluce Borges, havia escola e posto de saúde,  que foram destruídos pelo desbarrancamento causado pelo fenômeno denominado terras caídas. Desde então, nenhuma autoridade municipal ou estadual se prontificou em levar esses benefícios para a comunidade.
Igrejinha de São Pedro, em Ilha Nova, único espaço de lazer da comunidade, onde anualmente é realizado o tradicional festejo
Existe um pequeno posto de saúde do outro lado do rio, na comunidade de Nova Esperança (Terra Firme), mas que nem sempre dispõe dos medicamentos e insumos necessários para atender as localidades do entorno. Sem contar o perigo para atravessar o Madeira, muitas vezes à noite, para socorrer uma pessoa, além do fato que, nem sempre a população carente tem recurso para comprar gasolina e abastecer as pequenas embarcações para fazer a travessia do rio.
“Um posto de saúde seria muito importante para nós, especialmente para quem não tem condições de atravessar o rio em busca de socorro ou de um remédio, que na maioria das vezes não tem”, lamenta a moradora.
Ela acrescenta que existem filhos de moradores da Ilha Nova, que estudaram na capital rondoniense e obtiveram formação nas áreas de saúde e educação, que poderiam muito bem ser aproveitados para trabalhar na localidade, mas, possivelmente, falta boa vontade política para resolver tais questões.
ÁGUA POTÁVEL
Esse é um grande drama e uma das necessidades mais urgentes a ser resolvida. Sem um poço artesiano que forneça água de qualidade e saudável, os moradores são obrigados a consumir a água suja do rio Madeira, contaminada por mercúrio, entre outros produtos prejudiciais à saúde das pessoas. Por conta disso, muitos moradores, especialmente as crianças e idosos, ficam doentes constantemente.
Água de qualidade os moradores só consomem quando é doada pela defesa Civil Municipal ou Estadual, isso ná peóca das grandes cheias, como a de 2014. Eles não podem comprar água mineral o tempo todo. Até porque, dependem de barco e gasolina para chegar até o núcleo urbano de Calama, pois a população é bastante humilde.
LAZER
Vanderluce também afirma que falta apoio das autoridades para as festividades tradicionais, como o festejo de São Pedro ou um simples torneio de futebol. Pessoas para limpar a área no entorno da igrejinha, único espaço de lazer, também não tem. Os moradores é que arcam com todas as despesas e realizam o trabalho fazendo mutirões.
“Falamos com um administrador de Calama, que na época se prontificou em nos ajudar a implantar uma academia de ginástica ao ar livre aqui, para termos mais qualidade de vida, mas esse benefício também não chegou até hoje. Há décadas vivemos literalmente abandonados. Muitos prometem, mas nada fazem por nós”, lamenta.
ENERGIA
Depois de décadas e décadas vivendo na escuridão, Ilha Nova agora pode desfrutar dos benefícios da energia elétrica, por meio de placas solares, através de um programa do governo federal, implantado na gestão anterior. Apesar disso, a comunicação também é precária, pois somente em duas casas existem sinal de internet (particular), fato que dificulta até mesmo um pedido de socorro.
SUGESTÃO
Em busca de um meio para gerar renda e melhorar a qualidade de vida da comunidade, os moradores pedem que no local seja feito um estudo para verificar a possibilidade de implantação de um polo de turismo de base comunitária, aproveitando a riqueza dos seus recursos naturais.
Apesar de ser considerado um paraíso em meio à floresta amazônica, Ilha Nova atualmente conta com apenas 18 famílias que tentam a duras penas sobreviver sem qualquer infraestrutura ou política pública, quase que em total esquecimento por parte daqueles que deveriam proporcionar o mínimo necessário.

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