Por Augusto José

Depois da recente cheia que mais uma vez atingiu duramente as comunidades do Baixo Madeira, em Porto Velho, as águas estão baixando, mas deixam para trás não apenas destruição e lama, mas também riscos invisíveis que podem comprometer a saúde e a segurança da população. Especialistas alertam: o fim da enchente não é o fim do perigo.

Ameaça da água contaminada

Entre os principais perigos após a enchente está a contaminação da água. O contato com esgoto, resíduos sólidos e animais mortos faz com que poços e reservatórios fiquem impróprios para consumo. A recomendação das autoridades de saúde é clara: não consumir água sem tratamento adequado. A fervura por, no mínimo, 5 minutos ou o uso de hipoclorito de sódio são métodos seguros para a purificação.

Foto: Prefeitura de Porto Velho – enchente rio Madeira

Além disso, a leptospirose (doença causada pela urina de ratos) representa um risco real para quem circula em áreas alagadas ou contaminadas. Os sintomas incluem febre, dores musculares e vômitos, podendo evoluir para formas graves. Ao menor sinal, é fundamental procurar atendimento médico.

O que fazer ao retornar para casa

Após a vazante, muitas famílias retornam às suas residências em busca de recomeço. No entanto, o ambiente exige cautela. É necessário utilizar luvas, botas e máscaras para limpar os imóveis, evitando o contato direto com a lama, que pode conter agentes infecciosos.

Alimentos armazenados durante a enchente devem ser descartados. Mesmo que aparentemente intactos, o risco de contaminação é alto. O mesmo vale para colchões, roupas e móveis que não possam ser higienizados adequadamente.

Mosquitos e doenças

A água parada, comum após a cheia, transforma a região em um terreno fértil para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A orientação é eliminar qualquer recipiente que acumule água, incluindo pneus, vasos e calhas.

Campanhas de mobilização nas comunidades afetadas são fundamentais neste momento, e a participação popular é peça-chave no controle do mosquito.

O impacto invisível

Além dos riscos físicos, as enchentes deixam marcas emocionais profundas. Perdas materiais, deslocamentos forçados e o medo do futuro afetam especialmente crianças, idosos e famílias vulneráveis. Psicólogos e assistentes sociais reforçam a importância do acompanhamento e da escuta qualificada neste processo de reconstrução.

Solidariedade e reconstrução

Grupos de voluntários e instituições públicas devem seguir atuando na região com  assistência e reconstrução de moradias. A recomendação é que doações sejam feitas de forma coordenada, priorizando itens como alimentos não perecíveis, água potável, produtos de limpeza, colchões e roupas em bom estado.

O alerta permanece

A cheia do Madeira, embora cíclica, vem apresentando impactos mais severos nos últimos anos, levantando questões sobre planejamento urbano, mudanças climáticas e políticas públicas de prevenção. Enquanto isso, o foco continua sendo salvar vidas e restaurar a dignidade das comunidades ribeirinhas.

“A água foi embora, mas os desafios ficaram. A gente precisa de orientação, ajuda e esperança para seguir em frente”, desabafa uma moradora do distrito de São Carlos, que agora começa a reconstruir sua história, “uma tábua por vez “.

 

Fonte: Da redação

Fotos: Prefeitura de Porto Velho

Foto capa: Leandro Morais – Prefeitura de Porto Velho

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