Opinião de Primeira
Por Sérgio Pires
Foi uma megaoperação, criada e orquestrada dentro de órgãos que se sabem, são aparelhados, como o Ibama e CMBio, onde representantes do governo federal não apitam e a visão ideológica é que determina o que devemos ou não fazer. A Polícia Federal deu apoio, mas apenas porque é essa a sua função, quando acionada por decisão judicial. A poucos dias da eleição, a explosão, incêndio e queima de pelo menos 120 balsas no rio Madeira foi mais um daqueles espetáculos engendrados para agradar ONGs internacionais, essas sim as que verdadeiramente mandam na Amazônia, representando os interesses dos seus governos. Foi uma ação brutal, cometida pelo Estado como instituição, praticada pelo Estado contra cidadãos trabalhadores. Não assaltantes. Não traficantes. Não corruptos, que tentaram destruir e ainda podem destruir nosso país. Mas contra pessoas que investiram tudo o que tinham, tentando sobreviver. Claro que nesse meio dos garimpeiros há criminosos, como os há em todos os setores da sociedade. Mas a imensa maioria quer trabalhar, sobreviver, sustentar suas famílias. Há ilegalidade? Claro que há e a lei é soberana, num país democrático. Mas ela o é quando manda destruir patrimônio alheio, sem direito a defesa, sem o contraditório, sem que os suspeitos tenham qualquer oportunidade de não perderem tudo o que é seu, legitimamente comprado, alguns com as economias de toda uma vida? Numa analogia grosseira e brutal, seria aceitável que a casa de um traficante fosse queimada, caso ele fosse preso? A analogia, é claro, não está de todo correta, porque o traficante é criminoso e o garimpeiro não o é. No mais, ficou fácil de se entender o que se quer comparar.
Feita toda a tenebrosa ação, à base da violência, obviamente incentivado por princípios ideológicos, nos quais a maioria dos brasileiros não comunga, ficou a tristeza de se ouvir os gritos desesperados de mulheres que acompanhavam seus companheiros e seus filhos, assistindo a brutalidade praticada, sem que tivessem como reagir. Como reagir contra a lei, mesmo que se saiba exatamente porque ela foi criada; por quem e por que motivos? Há um poder muito maior do que aquele exercido pelos eleitos pelo povo. O presidente Bolsonaro garantiu, na sua eleição de 2018, que não mais permitiria barbáries legais como essas. Não pôde cumprir, porque divide o poder com instituições muito mais poderosas, muitas delas aparelhadas durante décadas por teorias que interessam muito aos estrangeiros, todos de olhos nas nossas riquezas e na nossa Amazônia. Para nós, que tentamos entender o porquê de tanta agressividade contra famílias trabalhadoras, as respostas são simples. Dependendo de quem vencer a eleição do domingo, as coisas vão piorar. E vão piorar muito!
FECHAMENTO DA BELMONT QUASE CAUSOU DESABASTECIMENTO EM RONDÔNIA E NO ACRE
Um dos efeitos colaterais do que ocorreu no rio Madeira na fatídica quinta-feira, foi a reação de garimpeiros e suas famílias que, primeiro interromperam o trânsito na BR 319, o que não serviu para nada, porque ninguém deu bola. Mas quando eles interromperam a Estrada do Belmont, a situação ficou mais séria. Nas mais de 24 horas em que houve a interrupção, não saiu nenhum caminhão de combustível, ameaçando o abastecimento de Rondônia, Acre e do norte do Mato Grosso. Os postos da Capital e alguns do interior, tiveram que abastecer, com óleo diesel, mais de 90 ônibus do transporte público, que não tinham como circular. Com isso, ficaram sem combustível para atender seus clientes. Caso o fechamento prosseguisse, a partir de segunda-feira poderia não se teria como fazer o abastecimento normal em praticamente todo o Estado e no Acre, pelo menos. Na tarde da sexta-feira, contudo, graças à ação do tenente-coronel Felipe Vital, secretário de segurança do Estado, uma longa conversa ajudou a liberar a Belmont e normalizar a situação. Só não vai normalizar a vida das dezenas de famílias que ficaram sem nada, graças a uma lei espúria e vergonhosa, cumprida à risca contra uma maioria de pessoas trabalhadoras e do bem. Lamentável!
Fonte: Opinião de Primeira
Autor: Sérgio Pires