Produtores do “Rio da Dúvida” também são responsáveis pela instalação de museu em Vilhena.

Notável pesquisador da história do cinema brasileiro, roteirista e executivo, o carioca Mário César Cabral esteve, junto com o diretor de arte Fernando Muller Hargreaves, em Vilhena (sul de Rondônia), nesta semana, para ministrar uma palestra sobre o filme “Rio da Dúvida” (direção de Joel Pizzini, 2:16).

O documentário concluído em 2018 já foi exibido em algumas mostras e festivais internacionais, mas ainda não foi totalmente concluído e espera a liberação do órgão regulador, a Ancine (Agência Nacional de Cinema), para chegar ao grande público.

Bastidores do filme rodado em 2017. Foto: Júlio Olivar
A palestra realizada no Sebrae/RO permitiu que os convidados conhecessem detalhes dos bastidores do filme destacado pelo escritor Márcio Sousa [autor de Mad Maria] como a obra definitiva sobre a saga do herói brasileiro Cândido Mariano da Silva Rondon. Entre 1913 e 1914, Rondon e o ex-presidente
norte-americano Theodore Roosevelt protagonizaram a expedição que desbravou rios e estados ainda não tão conhecidos mundialmente. A viagem quase mítica resultou em livros, um deles, inclusive, de autoria do próprio Roosevelt.
O Rio da Dúvida — atual Rio Roosevelt — foi uma viagem em busca do conhecimento científico, uma aventura marcada na história brasileira e repercutida no exterior, principalmente nos Estados Unidos. A saga radiografada de forma poética no filme mostra cenas centenárias de arquivo da Memória Civelli — empresa de Mário César — e aquelas outras, atuais, rodadas em sua maioria em Rondônia, sendo mais da metade feitas em Vilhena, onde nasce o Rio Roosevelt [antigo Rio da Dúvida].
Mário César, diretor da Memória Civelli. Foto: Júlio Olivar

Praça pública

A equipe da empresa Memória Civelli observou vários espaços públicos nesta semana já objetivando exibir o filme “Rio da Dúvida” em local aberto, em Vilhena — o mesmo deverá ocorrer em Espigão do Oeste e em Porto Velho.

As ações em Vilhena têm o suporte da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo. A agenda foi acompanhada de perto pela técnica da referida secretaria, Rita Correia, entusiasta do turismo e da cultura. Ela mobilizou a plateia para a palestra, constituída de jornalistas e intelectuais, além do pioneiro Luiz Antônio Zonoecê, filho do guarda-fios Marciano Zonoecê que administrou a Casa de Rondon [antigo Posto Telegráfico Vilhena] de 1943 a 1969.

Patrimônio Nacional

O nome da produtora Memória Civelli vem de Mário Civelli, cineasta italiano que mudou-se para o Brasil em 1946, aos 23 anos de idade, e aqui ajudou a criar a indústria cinematográfica. Entre outros longas, o ítalo-brasileiro criou o primeiro filme em cores no País, “Destino em Apuros”, de 1953, protagonizado por Paulo Autran.

Mário César, o que esteve em Vilhena nesta semana, é casado com Patrícia Civelli, a filha do pioneiro falecido em 1993 e que deixou um legado impressionante. Inclusive, foi o detentor dos direitos autorais — que hoje são da empresa Memória Civelli — sobre as imagens de Marechal Rondon. “Rondon, o sentimento da terra” é um de seus trabalhos restaurados e que será também exibido em breve em Rondônia, conforme promete o genro e xará de Civelli, Mário César.

De tão relevante, o acervo de Civelli acaba de ser tombado pelo Arquivo Nacional, que é representante da Unesco no Brasil. Ganhou a chancela de arquivo particular com interesse público e social.

Visita técnica à Casa de Rondon. Foto: Júlio Olivar

Casa de Rondon

Museu que existiu entre 1980 e 1996, a Casa de Rondon está fechada. Mas foi revitalizada em sua estrutura física e será entregue à comunidade, totalmente remodelada, em 2023. O espaço museológico será montado pela empresa Memória Civelli, a mesma que produziu o filme “Rio da Dúvida”.

Técnicos contratados pela Civelli estiveram na Casa de Rondon e anotaram uma série de procedimentos que deverão ser adotados nos campos artístico e cenográfico. Fotos, filmes, mobílias, artefatos e outros elementos, além de uma iluminação adequada e intervenções arquitetônicas, farão parte da transformação da casa. Na parte externa será feita uma barraca de acampamento, nos moldes da Comissão Rondon, que instalou o antigo posto telegráfico que funcionou entre 1912 e 1969.

Fernando é o diretor de arte do filme. Foto: Júlio Olivar
“Os vilhenenses ficarão muito bem impressionados e felizes com o resultado”, pontua Fernando Hargreaves, diretor de arte que coleciona mais de duas décadas de exposições envolvendo Rondon. Especialista em projetos expositivos, Fernando trabalhou também no Memorial Rondon, em Porto Velho — atualmente, é o principal ponto turístico da capital de Rondônia e conserva 400 peças acerca do herói nacional.

A recuperação do imóvel Casa de Rondon, em Vilhena, foi concluída em 2021 com recursos de R$ 540 mil do Ministério do Turismo, assegurados por adesão a um edital de chamamento público; o projeto foi inscrito por Júlio Olivar. A área em que está o museu pertence à Aeronáutica e a casa está tombada desde 2015 pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Atualmente, embora fechada, a Casa de Rondon tem servido de cenário a diversas aulas de história em campo promovidas por escolas de Vilhena. No pátio do local também foi celebrado, recentemente, o Ato Cívico do Bicentenário da Independência do Brasil.

A palestra em Vilhena. Foto: Júlio Olivar
A equipe recebida no aeroporto de Vilhena. Foto: Júlio Olivar

 

Sobre o autor

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Fonte: Portal Amazônia

Autor: Júlio Olivar

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